terça-feira, junho 22, 2004

- Fim (dias que passam) -


Neste infinito fim que nos alcançou
guardo uma lágrima vinda do fundo
guardo um sorriso virado para o mundo
guardo um sonho que nunca chegou
Na minha casa de paredes caídas
penduro espelhos cor de prata
guardo reflexos do canto que mata
guardo uma arca de rimas perdidas
Na praia deserta dos dias que passam
Falo ao mar de coisas que vi
Falo ao mar do que conheci...
No mundo onde tudo parece estar certo
guardo os defeitos que me atam ao chão
guardo muralhas feitas de cartão
guardo um olhar que parecia tão perto
Para o país do esquecer o nunca nascido
levo a espada e a armadura de ferro
levo o escudo e o cavalo negro
levo-te a ti... levo-te a ti para sempre comigo...
Na praia deserta dos dias que passam
Falo ao mar de coisas que senti
Falo ao mar do que nunca perdi.
Por trás do fim
Por trás do fim
Por trás de nós
Por trás de ti
Estamos só no que o dia quis deixar
Mais um tiro que marcou
Mais um grito que ficou
Põe a tempo a girar
Só queria estar bem aqui
Quando acabar vou querer ficar
Para quê ser mais alguém
Para quê fingir papéis
Se não vou viver de cor
Que é tão bom deixar andar
Deixar o tempo nos levar
Que eu não sei viver de cor...
Só queria estar bem aqui
Por acabar vou querer ficar
Já dançamos demais
Sorrimos demais
Vivemos demais
Agarrámos demais
Fugimos demais
Restou a saudade de ser... «demais»
demais,
demais,
demais...

(Toranja)