quarta-feira, abril 28, 2004

VIVO PURA

"...
sem dívidas com o passado, é ao futuro que eu me dedico
na harmonia do presente sem egoísmo e conflito
o que foi há muito tempo, mas já me lembro com saudade
o que dá e tira o tempo na sua cruel pontualidade
recordo emocionado todos aqueles que a mim me deram
espero deles todos o que eles de mim esperam

(...)
e do resumo de um futuro que me desiquilibra
a fraca aparência esconde, às vezes, muita fibra
a rua tem segredos, só quem sentiu escreve um sonho
sem ter local onde o guardar, é no peito que eu o ponho

(...)
sinto que cresci direito e à minha mãe eu devo tudo
mesmo vendo bem diferente entendeu sempre o meu mundo
sem experiência, torrei-lhe muito a paciência
não me negou a convivência que me deu côr e transparência
forte aparência, ambição e insistência

dia cinzento, só oiço o silêncio
lá fora cai a chuva desagradável como incenso
sinto-me tenso, transparente como o vento
aguaceiros ligeiros nos meus olhos provocam mau tempo
quando choro, sai de dentro e o choro vem para fora
as lágrimas no meu rosto são dedicadas a quem me adora

às vezes eu pergunto-me se é o vento que me desloca
se a força de que eu disponho é a mesma que me sufoca
perfeccionista, porque é o defeito que me provoca
sempre exigente com quem anda à minha volta
(...)
tenho o meu mundo do qual não abdico nem desisto
tenho força de vontade mas no talento é que eu insisto
é isto que me faz mover, no fundo me faz crescer
tento lutar pelo que quero...

(...)
vou tropeçando, e quando caio é que eu aprendo
a maior lição da vida é enfrentá-la sem ter medo
essencial, como o amor, é calma e paciência
a minha vida é um livro em que o final tem reticências
um caderno de experiências em que as folhas contam histórias
as palavras que se formam decifradas são memórias
imagens eternas com selecções aleatórias
e não há preço no mundo que pague o sabor das minhas vitórias

(...)
tiro ao mundo aquilo que eu quero, deixo ao mundo aquilo que eu sou
o rumo que ele me traçou, eu nem sei bem se é pra onde eu vou
neste poema com tinta e minha pena,
a pintar vida terrena que inverte o esquema,
hoje é o trenó que leva a rena
simplicidade do lema, com piedade, mas sem ter pena
o risco é contínuo, como tal eu não recuo
tentando manter estável o sentimento inigualável
já não sou impermeável, ao que eu dou eu quero retorno
isto amor é mesmo assim, é o corpo todo no forno
às vezes queima, a gente volta e teima
bonito ver relações, saber que ninguém reina
saber estar, saber ser, no fundo saber fazer
viver em formação é estar sempre a aprender
sem resumos e filtrares a situação selecciona
sem grandes mestres, é mais o tempo que lecciona

(...)
às vezes o ser sincero confunde-se com o ser diferente
curioso que em cada linha que eu escrevo é uma imagem
como cada janela que eu abro que entra sempre uma aragem
que me refresca dos pés até à testa
é o sabor do risco que tanta gente detesta
mas que me faz viver em festa, viver em consonância
dar valor aos que merecem e a esses dar importãncia
(...)
o que faz mover o mundo é o que está acima do pescoço

SEMPRE QUE FORES TU, SÊ FORTE! ENCARA!
SEMPRE QUE FÔR DURO, SUPORTA A BARRA
EU SEI QUE É DURO O GOLPE, MAS SARA!!!"


já há muito tempo que não encontrava uma letra de uma música que transparecesse tão bem tudo o que sou... tudo o que quero ser...
um rap com um português simples, às vezes muito rudimentar.... mas que é tão verdadeiro...
o próprio nome do grupo é sugestivo... FREEDOM!

não arranjei palavras para fazer o ponto da situação....
que já há muito tempo queria...
a minha cabeça (ou o meu coração, como quiserem) não me deixava "falar"...
se calhar cantado tudo se torna mais fácil...

fica aqui resumido tudo...
"a menina dos três corações....", a amizade, a presença de um "deus das pequenas coisas"... a minha pureza (quem sabe, de algum modo, ainda alguma pureza que quero acreditar continuar a manter...

TODA A TRANSPARÊNCIA DA LUA...
TODA A MINHA VERDADE DE MARIA...

partilho-a com vocês...