Espera por mim...
Não sei o que se pode esperar dos anjos, para além de que voem. É-me difícil «vê-los» a cantar "i'm like a bird" e desconheço como podem ter asas não tendo costas... como sabem é do conhecimento de todos. Mas, apesar das dúvidas ou das convicções, imagino os anjos parecidos connosco... e a voar.
Talvez porque Miguel Ângelo os tenha pintado sem sexo, aos anjos as pessoas associam a ingenuidade e a pureza das crianças. Não penso assim. Imagino que as crianças se pareçam com os anjos porque, como eles, voam. Voam quando trazem alguém para os seus sonhos, como voam de encantamento (movidas pela beleza que se desvenda, pela mão de alguém, ao pé de si).
Há sempre um «alguém» em cada pedaço do nosso crescimento. Quando esse alguém faz de «Ali Babá» e nos traz um «abre-te sésamo», sempre que se chega para nós, voamos pela sua mão. Junto das pessoas que gostam de nós não somos anjos, se bem que, com elas, aprendamos a voar.
As pessoas crescem a ritmos diferentes e em direcções que, por vezes, as desencontram. Não são os momentos em que sonham ou se encantam que as separa, mas as vezes, de menos, em que não dizem «espera por mim».