quinta-feira, abril 01, 2004

EU E OS OUTROS

é impossível viver duas coisas exactamente da mesma maneira!
tal como muitas vezes "morremos" e "renascemos" num processo de construção da nossa personalidade, e assim estamos em constante renovação, também nas relações que estabelecemos com as pessoas é essencial que haja todo um "processo de reciclagem".
Reciclar sentimentos...
Reciclar momentos e desejos...
Reciclar o bom e o mau...
para que cresçamos sempre no sentido de sermos cada vez melhores!

Tenho o vício de analisar qualquer comportamento segundo o peso criterioso de todo o meu sistema de valores...
Tenho o hábito de colocar os meus projectos sempre num nível de perfeição inatingível...
Mas por mais que saiba que realmente há valores fundamentais que devem reger a vida de um indivíduo, cada pessoa passa a cada dia, muitas vezes durante bastante tempo, por fases dessa mesma "reciclagem"... e, por muito que esses valores estejam enraizados na conduta de uma pessoa, podem eventualmente não se manifestar. Por isso, esta realidade chega a revelar-se a causa dos choques entre as pessoas.

Vive-se hoje em dia a realidade do fast love , dos prazeres imediatos que consigam satisfazer os meus desejos mais escondidos... acentua-se o individualismo das pessoas que conseguem viver para os outros, mas que, inevitavelmente, procuram impôr a sua maneira de viver.
No amor buscam constantemente alguém que as compreenda, a sua "cara metade", sem conseguirem primeiro a gostar realmente de si próprias... procuram no outro o que não têm, como forma de complementaridade, mas mais do que tudo para iludirem a sua auto-estima, a sua própria noção de felicidade.
Eu própria não sou alheia a esta realidade...
procuro incessantemente a verdade...
tomo o meu comportamento como exemplo...
Mas às vezes dou por mim a cair no exagero porque tenho picos de humor, disponibilidade, amizade, preocupação, entrega, viver o momento.

Na necessidade inevitável de viver em sociedade, de estabelecer relações interpessoais, procuro ser o mais correcta possível, mas ou dou por mim a dar primazia à minha independência e capacidade de iniciativa, ou a tentar integrar-me no que os outros esperam de mim. E que grande confusão aqui vai dentro...

quero sentir, mas não pensar tanto (o que é bastante complicado)...

procuro incessantemente respostas (porque quero perceber como é que se deve viver)...

tento controlar os sentimentos negativos ou positivos...

tento relativizar a dor...

procuro propósitos e ideias pré-concebidas que afastem todas as preocupações...