sexta-feira, janeiro 23, 2004

Ontem , durante a noite, tive uma grande conversa com uma grande amiga, e descobri outra vez como pode ser mágica a relação com outra pessoa...
falamos do amor...
falamos da paixão...
falamos das pequenas subtilezas que às vezes nem damos conta de existirem numa relação...
do que é gostar, com mais ou menos defesas, ou não de outra pessoa!


Dei por mim a falar com tantas certezas... do que devemos ou não fazer, das coisas que são fundamentais nas relações e que muitas vezes as pessoas nem sequer se apercebem... e que estranho é! Como se pode viver a querer ter tudo, quando às vezes isso não é possível, simplesmente porque não nos traz felicidade? Mas hoje em dia vive-se com tal sofreguidão o amor, a maior parte das vezes confundido com a paixão, que nem sequer nos esforçamos por construir, realmente, algo verdadeiro...preocupamo-nos, sim, em satisfazer todas as nossas necessidades. Procuramos no outro o que não temos, mas não com o objectivo de crescer e aprender com isso, mas, inconscientemente, como uma tentativa de criarmos, ilusoriamente, essas capacidades em nós próprios. Procuramos no outro a segurança que muitas vezes não conseguimos desenvolver sozinhos, procuramos no outro um pilar que se torna, não muito importante, mas se calhar fundamental na nossa vida, procuramos no outro, o que não temos coragem de ver em nós...procuramos no outro uma razão para que realmente acreditemos que valemos a pena...

Sofremos de falta...sofremos com a presença...Sofremos porque não há diálogo! Sofremos pelo que para mim é um dos maiores problemas da humanidade...A FALTA DE COMUNICAÇÃO! Tanto nas coisas mais pequeninas...como em coisas enormes! Sofremos porque nos refundimos e encolhemos no nosso cantinho... Sofremos simplesmente porque não sabemos sofrer! Sofremos porque não temos coragem de dizer ao outro que ele nos faz sofrer... e sofremos pela constante contradição de querer estar...e ao mesmo tempo não poder!
Mas sobretudo, sofremos porque muitas vezes nós próprios não conseguimos resolver e lidar com aquilo que nos faz sofrer...


Dúvidas toda a gente as tem...e certezas são difíceis de encontrar! Pomos tudo em questão...não nos damos ao trabalho de lutar e tentar criar alguma coisa! Esperamos que tudo caia do céu... quando o caminho se faz ao andar!
O tempo resolve muita coisa...mas o tempo também traz o esquecimento, nunca apaga a importância, mas adormece os sentimentos!

Disseste-me um dia que "só o tempo cura, só ele pode curar... pacifica o teu coração, pacifica o teu vulcão interior... e com calma desperta para o que está dentro de ti." Fiquei a pensar na história do oleiro que me escreveste no msn...no despertar que ás vezes tenho medo de pôr em prática..! Tanto pelas certezas que tenho tão enraízadas dentro de mim...tanto pela minha própria e natural postura perante a vida...

Reconstruir de novo a confiança numa pessoa, quando esta se desfez completamente...é das tarefas mais custosas de empreender! e só o tempo ajuda a curar... sem pressões, sem obrigatoriedades, sem compromisso...

ontem em conversa lembro-me de ter dito que esta é uma das coisas que deve ser reconstruída em conjunto... com a ajuda da outra pessoa... com um esforço da nossa parte... independentemente de qualquer coisa...

mas neste ano que agora acaba percebi que nem sempre isso é possível...e que nos cabe a nós, tentar fazer as coisas pelo melhor, mas saber dizer Adeus quando é preciso dizer Adeus...

e foi isso que fiz...disse adeus...não sei se para sempre...ou se não...

mas disse adeus...

(31 de Dezembro 2003)